sexta-feira, 31 de dezembro de 2010

A Vocação específica do Senhor Jesus e o Dinheiro no Ministério de Francisco de Assis

A Vocação específica do Senhor Jesus e o Dinheiro no Ministério de Francisco de Assis

Francisco foi adepto de um modo de vida de pobreza voluntária, isto é, um modo de vida e de interpretação dos evangelhos, no que concerne à pobreza, a mais literal possível.[1].
A fonte franciscana é o Evangelho de Jesus. Ele deseja viver individualmente a radicalidade do Evangelho de Cristo. Não condenava os ricos, nem a riqueza da igreja, mas se considerava escolhido pelo Senhor para ser pobre como o Seu Senhor. É neste foco que iremos examinar o Evangelho. Qual foi a relação entre o Senhor Jesus Cristo e o dinheiro?
O Senhor Jesus escolheu nascer pobre numa família totalmente pobre. Quando o Senhor nasce, é colocado numa manjedoura, pois não havia lugar para ele na hospedaria (Lucas 2.7)
Quando José vai ao templo com Maria sua oferta de purificação e voto é a oferta ordenada aos pobres. Os ricos davam novilhos, os pobres davam pombas. (Lucas 2.22-24).
A fuga para o Egito foi possível por causa dos presentes dos magos: ouro, incenso e mirra. Foram ofertas que financiaram a ida ao Egito e a estadia da família de Jesus naquele país (Mateus 2.11, 14,15).
Na volta para Nazaré Jesus cresceu aprendendo com o pai o ofício de carpinteiro. (Mateus 13.55 e Marcos 6.3). Nazaré era uma vila muito pobre. Talvez tivesse apenas 25 casinhas. Geralmente os  trabalhadores de Nazaré iam até Séfores (cidade vizinha) tentar a sorte em algum ofício. Jesus cresceu como pobre. Alimentava-se como pobre e se vestida como pobre.

I. O discipulado e o Dinheiro
Quando o Senhor Jesus iniciou seu ministério, satanás lhe ofereceu a riqueza e o poder do mundo. O Senhor repreende satanás. Jesus poderia ter transformado pedras em pães, mas nunca fez este milagre. A sua mensagem foi: Nem só de pão viverá o homem (Lucas 4.1-11).
Jesus confrontava seus discípulos sobre a riqueza e sobre a ansiedade com relação aos bens materiais. O importante era buscar o Reino de Deus e sua Justiça e as demais coisas seriam acrescentadas (Mateus 6.24-33).
Certa vez confrontou um jovem rico. Jesus lhe disse que apenas uma coisa faltava: Vender todos os bens e dar aos pobres e depois segui-lo. (Lucas 18.22). Esta proposta foi muito difícil e o jovem retornou triste pois era dono de uma grande riqueza.
            Deixar os bens da vida, a família e a própria vida era a proposta de Jesus. (Lucas 14.26, 27). Jesus tinha muitos seguidores e buscadores de milagres. Mas discípulos eram poucos. Deveriam deixar tudo (Lucas 14.33). Pedro, André, Tiago e João deixaram suas redes (Mateus 4.18-20). Levi deixou seu trabalho (Marcos 2.14). O seguimento de Jesus era radical. Ser pobre e seguir o Senhor pobre. O que adianta ganhar o mundo inteiro e perder a alma? (Mateus 16.26).
            Para Jesus Bem-aventurados eram os pobres (Lucas 6.20). Tiago, irmão do Senhor, vivendo com Jesus, aprendeu que Deus escolheu os pobres da terra para serem herdeiros das riquezas celestiais (Tiago 2.5).
Ser rico era um problema para a fé. Era mais fácil passar um camelo pela agulha do que um rico entrar no reino de Deus (Mateus 19.24).
Como ser rico e ao mesmo tempo ser discípulo? É possível? Como?

II. Jesus e o Dinheiro
            A relação de Jesus com o dinheiro era algo natural. Jesus utilizou do dinheiro para financiar suas viagens e a alimentação dos seus apóstolos. Certa vez os apóstolos se ofereceram para comprar alimentos para mais de 5 mil pessoas (Lucas 9.13). Cremos que eles tinham este recurso. Várias pessoas serviam a Jesus com os seus bens. A Bíblia fala de mulheres que investiam bens no ministério do Senhor (Lucas 8.3). Por isso que no ministério de Jesus existia até tesoureiro (João 13.29).
            Mas não ter dinheiro era também comum para Jesus. Para ilustrar sobre servir a Deus e servir a César, Jesus teve que pegar uma moeda emprestada (Mateus 22.19). Não tinha em sua bolsa nenhuma moeda.
Certa vez Jesus precisou pagar imposto. Como não tinha dinheiro, mandou Pedro pescar. Pedro apanhou um peixe e dentro do peixe estava o valor do imposto (Mateus 17.26-27). Foi um milagre para salvar o grupo da situação financeira constrangedora e até mesmo da prisão.
            Nas parábolas de Jesus vemos a questão do dinheiro e do tesouro. Não podemos servir a Deus e ao dinheiro. O Reino de Deus é semelhante uma terra com muitos tesouros onde um homem vende tudo que tem em troca desta riqueza superior (Mateus 13.44).
Na parábola do Bom Samaritano, o homem bom paga antecipado a hospedagem para abrigar o homem sofrido durante três dias e promete pagar mais se tiver outros gastos (Lucas 10.35). O dinheiro é usado para beneficiar o pobre e sofredor.
Como utilizar o dinheiro para a glória de Deus?
           
III. A Vocação específica de Jesus para os apóstolos e para Francisco de Assis
Podemos perceber algumas coisas com relação ao dinheiro: Jesus manda os apóstolos abrir mão das riquezas e ao mesmo tempo trabalha com o dinheiro para enfrentar as dificuldades da obra. Sabemos que o amor ao dinheiro é a raiz de todo mal (I Tm 6.10). O que é pecado? A idolatria ao dinheiro é pecado. Fazer do dinheiro um deus é pecado.
            Jesus teve muitos amigos ricos: Nicodemos (João 3.1), José de Arimatéia (Mateus 27.57; Jo 19.38) e muitas mulheres que o serviam com os seus bens.
Para outros Jesus pediu para entregar tudo aos pobres e segui-lo. Assim aconteceu mais tarde com Barnabé. Ele vendeu toda sua fazenda e entregou o dinheiro total aos apóstolos (Atos 4.34-37). Assim aconteceu com Francisco de Assis. Entregou tudo ao pai e aos pobres e viveu o resto de sua vida como um pobre de verdade. Servindo e amando o seu Senhor. Sendo rico de Deus.

Conclusão:
            O que Deus espera de nós hoje? Como viver como Barnabé, os primeiros apóstolos e Francisco de Assis? Como ser fiel a Deus na área financeira?
Texto: Pastor Edson Cortasio Sardinha - Metodista


[1] TEOLOGIA FRANCISCANA DA POBREZA EVANGÉLICA - Francisco Gonçalves Teles – Revista Ancora - http://www.revistaancora.com.br – 31 de dezembro de 2010.

sexta-feira, 24 de dezembro de 2010

Um Feliz Natal em Greccio

Um Feliz Natal em Greccio

Foi Francisco de Assis quem inventou o presépio. Isto aconteceu em 1223, logo depois que sua Regra de Vida foi aprovada pelo papa Honório III. Esta Regra ainda é até hoje observada pelos franciscanos de todo o mundo.
Na noite do dia 24 de dezembro de 1223, Francisco teve o desejo de representar materialmente o nascimento de Jesus, pois gostava muito de lembrar a humildade e o amor presentes na Encarnação do Senhor.
Francisco tinha um grande amigo, nobre e honrado em sua terra, que morava na cidade de Greccio - Itália. Este amigo se chamava João e, apesar de nobre e rico, amava a nobreza de espírito acima de tudo. Quando faltavam quinze dias para o Natal, Francisco mandou lhe dizer que iria celebrar o Natal em Greccio e que desejava ver com os próprio olhos como o Menino Jesus nasceu em Belém, as penúrias que passou e como foi posto sobre a palha entre um boi e um burro. Para isso, precisava que João tomasse algumas providência, o que foi feito imediatamente e no lugar indicado por Francisco. Quando chegou a noite de Natal, muitas pessoas foram chamadas, de todos os lugares, os quais prepararam tochas para iluminar a celebração.
Foram também trazidos um boi, um burro, uma manjedoura e palha. Os frades começaram a cantar, e com eles todo o povo, de modo que o bosque ficou repleto dos louvores ao Deus Altíssimo.
Como Francisco não era padre, um sacerdote celebrou a Missa do Natal ali mesmo onde o presépio tinha sido arrumado, o qual disse ter sentido uma piedade jamais experimentada antes em sua vida. No momento da proclamação do Evangelho, Francisco vestiu a roupa própria dos diáconos (a dalmática) e proclamou com voz sonora a Boa Nova. Depois pregou ao povo dizendo palavras maravilhosas sobre o nascimento do Menino de Belém.
Sentia uma doçura sem igual ao pronunciar a palavra "Belém". Terminada a vigília, todos voltaram para as suas casas muito contentes.
No lugar onde o presépio esteve montado foi consagrado um templo do Senhor e no local da manjedoura foi construído um altar.
Foi um momento maravilhoso de celebração. Nós cristãos (evangélicos, protestantes, católicos, ortodoxos)  devemos refletir, com sinceridade, humildade e muita reflexão, a encarnação de Jesus, assim como Francisco de Assis fez no ano de 1223.
Feliz Natal 2010.

Irmão Edson Cortasio Sardinha – Pastor Metodista – edsoncortasio@hotmail.com


Texto com auxílio da pesquisa realizada no site:  http://www.cantodapaz.com.br/blog/